O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, deputado Delegado Péricles (PSL), acusou, nesta quinta-feira, 16, a defesa da empresária Criselidia Bezerra de Moraes de ameaçar os deputados da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) que integram a investigação.
A empresária é dona da empresa Norte Serviços Médicos, que prestou serviços de lavanderia ao hospital de campanha da Nilton Lins durante a crise da pandemia de coronavírus. A empresa é suspeita de superfaturamento nos serviços, alegando ter lavado 44 toneladas de rouparia do hospital em apenas 13 dias, uma média de 3,5 toneladas de roupa por dia.
Criselidia Bezerra compareceu, nesta quinta, na audiência em que faria seu depoimento à CPI. Entretanto, a pedido dos advogados, a audiência foi adiada em função das condições psicológicas e de saúde da depoente. Uma nova audiência, desta vez virtual, será marcada para a próxima semana.
Ameaças contra a CPI
Ao aceitar o adiamento, contudo, o presidente da CPI fez um protesto público contra a defesa, afirmando que um dos advogados teria interpelado o deputado de forma grosseira e afirmando que a empresária ficaria calada durante todo o depoimento. Além disso, o advogado teria dito que, caso os deputados insistissem para que ela falasse, a defesa acusaria a CPI de abuso de autoridade.
“Um dos advogados chegou a mim, de for grosseira, dizendo que ela (a depoente) ficaria em silêncio e que se insistíssemos ele faria uma reclamação de abuso de autoridade, o que é considerada uma ameaça à CPI. Não vou admitir, em hipótese alguma. Respeitamos todos os colegas advogados, respeitamos o direito de permanecer em silêncio. Um advogado dizendo o que temos que fazer e ainda ameaçar, não admito”, declarou Delegado Péricles.
Defesa nega ameaça
Wilker Barreto (Podemos), Serafim Corrêa (PSB) e Fausto Júnior (PRTB) endossaram as afirmações do presidente da CPI, embora tenham se posicionado a favor do adiamento. Outros advogados que representam Criselídia Bezerra negaram ameaça e se disseram a favor de prestar os devidos esclarecimentos à Comissão.
Quando questionados sobre o nome do advogado acusado de ameaça, os demais representantes da defesa não souberam, inicialmente, dar o nome, alegando que ele havia se apresentado nesta quinta-feira para integrar a defesa. Em seguida, a CPI o identificou como Celso Gioia. O deputado Fausto Júnior sugeriu que a CPI faça uma consulta ao Conselho de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para apurar a postura da defesa da depoente.